domingo, 4 de março de 2012

La Piel Que Habito...





O longa A Pele que Habito, é a mais recente parceria de Pedro Almodóvar com o ator Antonio Banderas. Este é o sexto longa-metragem em que o astro trabalha com o cineasta espanhol.
Há uma estranha subversão em A Pele que Habito. Primeiro, de Almodóvar em relação a si
mesmo. Onde aquelas cores, a exuberância, a alegria que se mescla com tanta graça à tristeza de viver? Aqui, pelo contrário, temos um discurso frio, de cores atenuadas, mais propícias ao suspense terrível construído a partir de Mygale, um romance de Thierry Jonquet publicado em 1984, e a referência bastante explícita a Les Yeux Sans Visage, de Georges Franju (1959).
Segundo, subversão da própria maneira de apreciação deste filme que, ao contrário de outros como Tudo Sobre Minha Mãe, Fale com Ela ou Volver, que se dão de imediato e nos conquistam cara, não causa tanta impressão à primeira vista, mas permanece com o espectador, como que trabalhando às escuras, em seu inconsciente. É um Almodóvar frio, e sabiamente terrível, como
talvez nunca tenhamos visto.Também à primeira vista, estão aí os temas caros ao diretor, como
a mudança de sexo, as relações de poder, etc. Mas esses elementos se dispõem de
outra forma, numa espécie de melodrama gelado, cruel e inquietante.
Talvez não seja o melhor filme do diretor espanhol mais na minha opinião e de longe o mais sombrio e inquietante deles.

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