Quando se fala em arte contemporânea não é para designar tudo o que é produzido no momento, e sim aquilo que nos propõe um pensamento sobre a própria arte ou uma análise crítica da prática visual. Como dispositivo de pensamento, a arte interroga e atribui novos significados ao se apropriar de imagens, não só as que fazem parte da historia da arte, mas também as que habitam o Cotidiano. O belo contemporâneo não busca mais o novo, nem o espanto, como as vanguardas da primeira metade deste século: propõe o estranhamento ou o questionamento da linguagem e sua leitura.
Qual o papel do "belo" na arte contemporânea? Será focado no EU? Na promoção pessoal?
Ou será que a arte contemporânea já não se preocupa com o "belo"! Encontrei uma análise sensacional da Cris Alcântara, que falava do conceito de Arte contemporânea que me caiu como uma vulva sobre esta reflexão.
Diálogo 1
Crítico: - Acho que com esta sua obra você conseguiu abreviar de uma forma inusitada o que sentimos nos momentos de espera em uma sala de aeroporto!
Artista Contemporâneo: -Pois é, eu procurei nessa vídeo-instalação-performática-radioativa fazer com que o espaço da sala de espera de aeroporto levasse o receptor da arte a uma total reflexão, tá compreendido? Como se as sensações onipresentes dessa atmosfera atingissem de maneira até metafísica o espectador da minha obra...
Crítico: -Justamente, foi isso que eu percebi! Vou escrever um artigo falando sobre essa sua forma interdisciplinar de fazer com que tantos elementos, até mesmo elementares, figurassem de maneira tão...Tão...Tão...abstratizante!
Diálogo 2
Crítico conversando com o “simplesmente artista” após ver um de seus desenhos (“Desenhos. Nossa! Que forma primitiva de se fazer arte!” diria o crítico).
Crítico: - Por favor, conceitue exatamente o que você quis dizer com a utilização de algumas referências tão antagônicas nesta sua arte feita com traços e riscos sobre o suporte papel.
Simplesmente artista: O que? Onde tem antagonismo nesse desenho? O senhor pode se explicar melhor?
Crítico: - Eu vejo um antagonismo entre a parte inferior do desenho e a superior. É como se os três homens de baixo estivessem de alguma forma pressionando para que os de cima desaparecessem, e isso tem até a ver com o mundo competitivo em que vivemos, não é?
Simplesmente artista: - Olha senhor, na verdade não é nada disso não. São apenas 3 dançarinos... Os de cima são os mesmos dos de baixo... Sinceramente, a referência veio dos musicais das décadas de 60, Gene kelley, Fred Astaire...
Crítico: - Claro, é disso que eu estava falando, dessa sincronia entre o contemporâneo e o arcaico...O clássico...Vejo isso de forma predominante nas cores, aliás, porque você utilizou o amarelo?
Simplesmente artista: - Mas moço, eu não utilizei o amarelo!
Texto e Foto: Mossad
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